Propostas “nada esclarecedoras”

Confira a análise do último avaliador da propaganda eleitoral

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Para avaliar semanalmente a propaganda eleitoral, que começou no dia 19 de agosto e termina hoje, o Diário convidou um seleto grupo de seis pessoas da comunidade santa-mariense, com diferentes opiniões e formações, mas sem filiação partidária. O sexto e último avaliador é o médico pediatra José Carlos Diniz Barradas.

Diante de programas pouco esclarecedores, na visão de Barradas, resta ao eleitor escolher pessoas em vez de ideias e propostas. Confira a avaliação completa abaixo.

OBSERVAÇÕES DE BARRADAS

Sono e risadas
A missão de comentar alguns aspectos da propaganda eleitoral impõe diversos desafios. O primeiro, e provavelmente mais complexo, é tentar, como comentarista, abstrair algumas convicções e conceitos políticos pessoais que podem comprometer a imparcialidade desejável a este tipo de análise. Num segundo momento, outro desafio passa a ser assistir (sem dormir) à propaganda propriamente dita. Na maioria das vezes, repetitiva e pouco estimulante. Por fim, o melhor da tarefa é poder dar muitas risadas com certas candidaturas, que, como em todas as eleições, constroem o lado folclórico do processo.
 
Melhor proposta
Impossível definir com clareza uma melhor proposta, até porque a propaganda, que se faz de forma publicitária, só mostra virtudes e qualidades das candidaturas, omitindo suas fragilidades e pouco esclarecendo como suas propostas serão efetivadas. Há propostas pontuais (como a auditoria das dívidas públicas) que até parecem interessantes, mas estão em geral desinseridas de um plano de governo mais amplo. Como não há uma discussão mais aprofundada, seja por falta de tempo ou por falta de conteúdo real, questões cruciais como economia, políticas sociais e reforma política ficam niveladas a um nível pouco discriminatório entre os candidatos. Resta ao eleitor, nesse contexto, escolher pessoas muito mais do que ideias. E, nesse ponto, quem já exerceu cargo pode levar vantagem (ou desvantagem) por ter (ou não ter) algo concreto a mostrar. Os novatos, coincidentemente, os que têm menos tempo de propaganda, não conseguem clarear como certas questões seriam efetivadas.

Piores propostas
Como a maioria das propostas não é claramente explicada, a rigor pode-se dizer que são, em grande parte, inviáveis, na medida em que não discute apoio parlamentar, logística envolvida, modelos de gestão, origem dos recursos etc. Embora todos os candidatos falem de saúde, educação, emprego, segurança, nenhum discrimina detalhes de como conseguirão mudar e melhorar o panorama que aí está. Continuamos numa discussão retórica, de belos discursos (alguns nem tão belos assim), mas de pouca efetividade. O eleitor, em sua grande maioria pouco habituado a discussões ideológicas mais profundas, não quer saber de luta de classes, capital versus trabalho etc. Quer apenas soluções concretas para seus problemas reais... E a propaganda eleitoral nos moldes atuais pouco acrescenta... 

Polarizações
As candidaturas majoritárias ao Senado reproduzem a polarização da disputa aos governos federal e estadual, com a peculiaridade de que, como se trata de cargo não executivo, a discussão de ideias e princípios aparece um pouco mais. Há, entretanto, a desvantagem do pouco entendimento por parte do eleitor médio do que faz um senador, o que reduz ainda mais o interesse neste pleito específico. Já na propaganda das eleições proporcionais a deputado, o pouco tempo destinado a cada candidato inviabiliza uma real exposição de cada um. Serve apenas como um cartão de visitas. Acho que dificilmente um eleitor escolherá um candidato a deputado baseado na propaganda eleitoral.
 
Denuncismo
As acusações recíprocas entre os candidatos são quase sempre baseadas num denuncismo nem sempre confiável e que pouco esclarece o eleitor, na medida em que muitas das denúncias contra este ou aquele "

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